Os mais antigos seguramente lembrar-se-ão de como era a atividade de avaliação imobiliária em Portugal, há 40 anos. As avaliações eram feitas maioritariamente por engenheiros, não havia empresas de avaliação, não havia associações da classe, não havia formação específica, não havia livros ou manuais de avaliação portugueses, não havia teses de mestrado ou de doutoramento versando a avaliação imobiliária, não havia organismo tutelador da classe, deveriam existir pouco mais de 2 ou 3 centenas de avaliadores nacionais e as avaliações para suporte da actividade creditícia eram realizadas em impressos preenchidos à mão.
Volvidos 40 anos, a atividade de avaliação imobiliária encontra-se modificada em larga medida. De fato, atualmente, verifica-se o seguinte:
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O ato de avaliar já é realizado por profissionais oriundos de diversas origens académicas (engenheiros, arquitetos, advogados, economistas, gestores em avaliação imobiliária, outros);
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Existem 162 empresas de avaliação (PAI Coletivos registadas na CMVM);
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Existem 4 associações de classe (APAE – Associação Portuguesa dos Peritos Avaliadores de Engenharia; ANAE – Associação Nacional dos Avaliadores Imobiliários, ASAVAL – Associação Profissional das Empresas de Avaliação; PAOJ – Associações dos Peritos Avaliadores da Lista Oficial de Justiça.);
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Existem diversas universidades, entidades académicas que ministram cursos de avaliação imobiliária (ESAI, ISEL, IST, LUSÓFONA, outras);
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Existem Licenciaturas e Pós Graduações em Avaliação Imobiliária;
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Podemos encontrar no mercado alguns livros, de produção nacional, sobre avaliação imobiliária,
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Foram realizadas até à data diversas teses de mestrado e algumas de doutoramente versando temas relacionados com a avaliação imobiliária;
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Existe um organismo estatal tutelar de uma parte considerável dos avaliadores imobiliários (CMVM);
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De 2 a 3 centenas de avaliadores há 40 anos evoluímos para 2 a 3 milhares (só registados na CMVM, existem atualmente 839 PAI Individuais aos quais se deverão adicionar os peritos avaliadores da lista oficial, os avaliadores fiscais, entre outros);
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As avaliações realizadas no âmbito da atividade creditícia já não são feitas à mão em papel físico, mas através de portais introduzidos na rede e disponibilizados ao avaliador.
Como se verifica passámos da idade da pedra para a idade de ouro e por tal deveríamos todos nos congratular, porque de fato o salto foi bastante grande.
Alguns de nós, poderão até pensar, que já não há nada a fazer ou a acrescentar para dignificar ainda mais a Avaliação Imobiliária Portuguesa.
Enganem-se, tais colegas pois o progresso não traz apenas melhorias, mas muitas vezes, também transporta consigo, desafios que importa resolver para que se consiga dar mais um salto.
Nos próximos artigos, passaremos a ”pente fino” as diversas enfermidades de que ainda padece a avaliação imobiliária em Portugal, esperando contribuir para a sua melhoria.